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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mão direita.


Puxei a primeira cadeira que vi pela frente, me aproximei com ela em minhas mãos até uma janela. Quando me senti próxima o suficiente me sentei.
Olhava para cima tentando buscar algum ar fresco para conseguir pensar em algo para escrever. Na verdade, assim que olhei em direção ao papel vi minha mão direita segurando a caneta da forma que costumo segurar, soltei a caneta e virei a palma da minha mão para cima.
- Muitas linhas, muitas veias, muitas dobras... – parei. Comecei a imaginar mil imagens com o desenho que todas aquelas coisas formavam na palma de minha mão. Realmente em uma mão, não caberia tudo aquilo que minha imaginação reproduziu.
Uma mão... Quer dizer, minha mão não é das menores e mais delicadas mãos que existem no mundo, ela possui até uns traços masculinos pelo fato de ser grande, mas minha mão, e cada parte do meu corpo, tem o imenso poder sobre minha mente.
Na minha mão, não cabem muitas coisas, mas nela coube um momento.
Poderia me referir as outras partes do meu corpo que também couberam vários momentos da minha vida, mas especialmente nessa hora a minha mão é o que me levava especialmente para aquele momento.
Minha mão direita segurou sua mão esquerda. Foi por alguns segundos, talvez minutos, mas não sinto que foi por pouco tempo pelo fato de minha lembrança ainda estar intacta. Passei o polegar sobre a ponta de cada um dos dedos lentamente da esquerda para a direita. Cada dedo parecia palpitar um momento. Ao chegar no indicador apertei minhas unhas contra a palma da mão e fechei os olhos. A luz do sol que entrou pela janela, não deixou que minhas pálpebras deixassem minha visão na escuridão.
Acho que o maior problema que tenho é de reviver momentos com a intensidade que eles se fizeram presentes na minha vida. Somente depois de longos dias, talvez meses, talvez anos... Só depois de muito tempo, eu consigo lembrar vagamente de algumas coisas.
Não me permiti voltar no tempo e abri os olhos. Apesar de eu não gostar de calor, o céu me lembra coisas boas no calor. Nuvens brancas, céu azul turquesa... Eu gosto de elogiar o céu, ou até mesmo de colocar ele como a peça primordial do meu dia. Sempre que olho para o céu no calor, com muita dificuldade, eu sugo aquele ar seco e quente num só suspiro e o libero lentamente. Na hora de encher os pulmões eu não me censuro nem um pouco.
Voltei-me para o caderno, tomei a caneta novamente na minha mão direita e pensei no que gostaria de te dizer. As palavras escritas foram essas:

O medo de te dizer que sinto saudades, é ainda menor do que o medo de te ver mais uma vez. Os meus sentimentos precisam ser lapidados. Eu sei. Mas isso eu só vou conseguir com o tempo se você me permitir. Pode ser que você não queira esse fardo sobre você, mas acho que o tempo que passei longe só me fez perceber o quão importante você é... Bem, a distancia? No meu caso, ela só aumenta o que sinto por você...

Uma lágrima molhou o papel então me senti obrigada a terminar.

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