Visualizações

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Parte 4

Clara e Thomas

Depois de algum tempo no parque, Clara se sentiu confortável para perguntar o que a incomodava dês da manhã daquele dia.
- O que faz um cara como você estar solteiro até hoje Thomas?
Depois de alguns longos segundos de silêncio, Thomas conseguiu pensar numa resposta apropriada.
- Ah... Aquela de conhecer a pessoa errada na hora errada e você achando que vai dar certo mesmo sabendo desse fato. – Thomas fez uma pausa, e percebeu que a dúvida de clara tinha despertado um interesse de saber o porquê dela também estar solteira.
- Chamo de crise de existência de um relacionamento. – respondeu ela fitando o chão enquanto caminhavam – Tem uma hora, que você não tem certeza se aquilo é um relacionamento, ou uma dívida a ser quitada. – ela fez uma pausa pra pensar em como concluir a frase e continuou – Aí, você passa mais tempo pensando sobre o relacionamento, se ele existe ou não, do que curtindo a pessoa com quem você esta.
Thomas entendia perfeitamente Clara, e inevitavelmente se lembrou de um relacionamento anterior, que por uma infeliz coincidência tinha acontecido a mesma coisa.
Conversaram por mais algum tempo, até encontrarem um lugar no qual pudessem se sentar.
- Aqui parece bom. – disse Thomas, ao ver um espaço entre duas arvores ainda jovens no gramado – O que acha?
- Parece perfeito. – respondeu Clara já colocando sua bolsa no chão e se preparando para sentar quando ouviu Thomas pedir:
- Não senta ainda.
Ela o fitou e ele continuou enquanto abria a mochila que trazia com ele – Eu trouxe um pano pra sentarmos na grama, normalmente mulheres não gostam de sentar na grama por causa dos insetos.
Clara num sorriso disse – Não ligo pra isso, mas que bom que pensou em trazê-lo.
Ela o ajudou a arrumar os panos no chão e finalmente se sentaram.
Ele não sabia por onde começar, e sem ao menos conseguir pensar em algo pra dizer, Clara perguntou:
- Qual o seu filme favorito? Saber qual o filme favorito de uma pessoa pode definir bem como ela é. Só não vale responder e perguntar “e você?” no final.
- Nunca tinha pensado em um filme que fosse favorito meu... São tantos os que são bons.
Clara respirou fundo e olhou para Thomas com os olhos apertados por conta do sol – Então tudo bem, deixo perguntas difíceis para o final.
Thomas deitou em cima do pano, e apoiou a cabeça no cotovelo esquerdo para fitar clara, que imediatamente corou com o olhar. – Em sua opinião, qual seria a coisa mais incrível de se fazer na vida? - perguntou enquanto admirava o rosto corado dela.
Ela sorriu. - Qual seria não, qual foi. Até o momento, na minha vida, a coisa mais incrível que fiz foi saltar de paraquedas.
 Thomas arregalou os olhos sem acreditar nas palavras de Clara, e num salto se sentou novamente ainda a encarando. – O que?!
- Pode parecer mentira, até hoje eu preciso ver minha foto naquele avião com Sofia para acreditar que fiz isso. Foi difícil me convencer a pular, mas quando a vi correndo e pulando... – Clara suspirou e continuou – Aquilo foi inspirador.
- Nunca iria imaginar você fazendo coisas desse tipo.
- Tenho como provar. – disse Clara rindo.
- Com toda a certeza desse mundo quero ver essa foto. – disse Thomas deitando-se novamente. Sei que proibi você de perguntar “e você?”, mas...
- Comparado com o que você fez nada que fiz foi tão incrível, mas acho que a coisa mais incrível de se fazer na vida seria... – Thomas fez uma pausa para ver se conseguia se lembrar de alguma coisa – Argh! Acho que nada ganha do paraquedas! – concluiu franzindo a sobrancelha.
Ele estava cada vez mais surpreendido com ela e isso era incontrolável.
Clara, além de ser linda, era a companhia mais agradável que já encontrara em uma garota. Ele tinha quase certeza que não encontraria nenhuma parecida com ela em lugar algum.
Pensando nisso escapou-lhe um sorriso. Estava feliz de estar ali com ela, queria essa felicidade prolongada.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Ela se lembrou dos pequenos problemas que queria não se lembrar.


Por um momento se pegou olhando para os efeitos que o egoísmo causa em todas as pessoas. Ela, por querer sempre se sentir realizada, acabou esquecendo que outras pessoas também tem esse direito. Mas às vezes a realização dela, dependia de ter aquelas pessoas somente pra ela.
Ela tem medo, medo de decisões complicadas e decepções – aquelas que acontecem freqüentemente com ela. Seu desejo era que essas decepções nunca acontecessem. Apesar do tempo curar algumas coisas – coisas que algumas vezes por estar enjoada da situação monótona, torcia para acontecer – ela por fim se feria, e sonhava com o dia que isso não acontecesse mais.
Quando pensava que tudo estava bem e que ia pela primeira vez algo dar certo, vinha o tempo que trazia algo ruim. O medo constante de se ferir, se tornou uma fobia, mas quando se dava por decidida a fugir de relacionamentos, eles a cercavam por culpa dos seus sentimentos confusos.
No começo era tudo bem, na presença da pessoa que a fazia feliz. Nada de mal acontecia, tentava nem pensar nas brigas e discussões por seu gênio forte. Quando a outra parte estava longe, começava a pensar nas possibilidades de dar errado, nos momentos que deixou a discussão de lado porque queria uma noite de paz, na possibilidade dos sonhos da outra parte serem diferentes dos sonhos dela.
Algumas coisas a faziam chorar, porque muitas coisas que ela fazia eram sacrifícios imensos, mas sempre pareciam muito simples pra qualquer um. Ela era sempre decidida, e tinha medo, porque às vezes cruzavam seu caminho pessoas decididas também.
Nos tempos em que estava vivendo, era praticamente impossível encontrar alguém com os mesmos sonhos que ela. Quando ela gostava, ela gostava por inteiro e imaginava o futuro com aquela pessoa. Sabia que talvez fosse por isso que se magoava tanto, mas não dava pra mudar nada, ela tivera nascido e fora criada dessa forma. Ela só se confundia cada vez mais. Seu egoísmo crescia cada vez mais, seu amor intensificava e a feria cada vez mais.
Tudo isso, pensou ela, aproximava e afastava as pessoas que a cercava, mas era impossível não conseguir se aproximar de ninguém. Ela procura mudar. Afinal se ela escolhesse mudar, estaria mudando por ela? Se ela mudasse continuaria sendo ela mesma?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ler

Terminei de ler a ultima página do livro de trezentas e trinta páginas, que foi minha companhia durante o ultimo mês.  É ruim a sensação de quando termino de ler um livro. Costumo me sentir como se uma ótima companhia, de uma pessoa que acabei de conhecer e me surpreendi com o modo como fala e age, tivesse indo embora e eu fico com aquela incerteza de se vou ver aquela pessoa novamente. Pode parecer engraçado dizer isso, mas nunca imaginava que um dia eu pudesse apreciar tanto a leitura.
Há alguns anos atrás, eu era uma pessoa que só de pensar em pegar um livro na mão, já era tão odioso quanto ouvir uma música ruim, em um lugar cheio de pessoas totalmente sem graça e chatas. Logo depois de perceber o quanto eu gostava de escrever o que sentia e pensava, descobri que precisava buscar o tipo de leitura que completava minha personalidade. As coisas mudaram dês de que encontrei o tipo de leitura que me agradava, dês de então, toda vez que acaba um livro, fica uma sensação de vazio dentro de mim, até ser preenchida com a companhia de outro livro.
Sabendo que tem tanta gente que diz que odeia ler, é um pouco deprimente confesso. Mas eu não posso forçar outras pessoas a adquirirem o mesmo gosto que eu pelas palavras soltas em uma página. Já que pra elas é muita perda de tempo ficar mais de algumas horas lendo alguma coisa, eu prefiro guardar a minha opinião que se as pessoas lessem mais, talvez elas viveriam melhor, conversariam melhor, pensariam melhor...
Apesar de estar triste por já ter terminado de ler mais um dos meus livros, já estou indo procurar na minha estante mais um companheiro. Independente do tempo que ele ficar comigo, vai ser companheiro.

Espero ter inspirado você, que não gosta de ler e acha isso chato. Procure saber que tipo de leitura que te agrada, garanto que existem livros pra todos os gostos, e certeza que pro seu também.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Ciúme.

Essa era a palavra que ele mais pensava dês de que percebeu que era isso que destruía praticamente tudo o que ele construía. A sensação de ter alguma coisa pra chamar de dele, já era motivo pra querer que isso não fosse mais nada de mais ninguém. Ele tivera se cansado de simples comentários trazerem tanto ódio para ele, não queria mais se sentir assim. Todas elas indo embora o classificando da mesma forma. Possessivo? Sim, com certeza era esse o termo. Mais uma, que vai e ainda acrescenta “descontrolado”. Qual o mal de querer ter pra ele o que era dele?
Acho que dês de pequeno ele sempre fora assim. As pessoas evitavam se aproximar, porque não queriam por perto um egoísta. Ele não entendia, talvez fosse algo fora do lugar em seu cérebro, alguma peça faltando, ou alguma coisa sobrando.
Ele queria se controlar, mas quando via qualquer tipo de situação em que ele se sentia ameaçado era motivo pra destruir a ameaça, ou destruir o que o levava a ser ameaçado. Nesse caso, eram sempre seus relacionamentos que o levavam a ser ameaçados e por alguns minutos sentia sair do próprio corpo, quando retornava as via indo embora dando costas pra ele. E depois ele não podia se explicar, não tinha se desculpar porque tinha feito a coisa errada, ele sabia.
Um dia sua pequena sobrinha de apenas seis anos, que tinha escutado os pais comentarem sobre os relacionamentos dele, perguntou - Por que você sempre perde as suas namoradas?
Ele com um leve sorriso, explicou: – Um dia você vai entender. Mas a única coisa que consigo te explicar agora é que eu não sei amar, quando eu amo acabo fazendo coisas erradas.
Ela olhou em seus olhos e perguntou – Por que você não para de fazer coisas erradas?
Ele suspirou e sorriu. Queria acreditar que fosse assim tão fácil, mas infelizmente todos os dias ele tentava fazer a coisa certa, por pouco acabava errando.
- Tem algo errado na minha cabeça, por isso não consigo fazer nada certo. – concluiu para ela, aproximando o seu pequeno corpo ao dele para abraçá-la.
- Não tem médico pra concertar cabeças? – perguntou novamente encarando-o.
Ele olhou em seus pequenos olhos e sentiu a inocência na pele, como tinha saudade de quando era criança. – Acho que a minha cabeça não seja um caso tão grave pra um médico. – respondeu.
Ela continuou ali embaixo de seus braços, enquanto pensava em algo que pudesse ajudar seu tio a se curar, ela queria que ele ficasse novamente com a cabeça boa, porque não queria vê-lo doente.
Ele continuou pensando em como poderia melhorar sua situação, se ele pudesse até tentaria nascer de novo, começar uma nova vida. Esse ciúme as vezes era mais forte que ele, mas ele queria mudar. Talvez ele só estivesse tentando mudar de uma forma errada, mas ele prometeu pra si mesmo que agora tentaria de uma forma diferente. Não queria perder as pessoas que ele gostava.
- Meu problema, talvez eu mesmo consiga concertar. Prometo pra você que eu vou concertar, e logo.
Ela abriu um sorriso enorme, ali ele sentiu carinho e amor saindo daquela criança. Ela tinha muita sabedoria, as perguntas dela sempre o faziam refletir por dias. Adorava aquele tempo que passavam juntos, sempre tinha algo pra aprender com ela. 
Agora ele estava ali, novamente refletindo sobre o que ela perguntara, agora ele queria ser diferente, e tinha uma promessa a cumprir. Não importa o que custasse, ele lutaria pra ser diferente dessa vez.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Parte Três

O começo da estória:


Thomas.
Ele respirou fundo, buscou palavras que pudesse dizer à Clara. Em alguns segundos ela disse:
- Thomas?
- Oh, desculpe. Eu estava pensando, se você estiver livre amanhã... O que acha de sairmos? - Ele esperava ansioso pela resposta. Mas continuou dando mais detalhes – Podemos almoçar em algum lugar, uma tarde no parque...
- Você pode esperar um minutinho? – disse Clara, o interrompendo.
- Tudo bem.

Clara
Rapidamente, Clara pegou seu celular e começou a digitar um torpedo para Sofia dizendo:
“Ele quer sair comigo. Amanhã, um almoço ou uma tarde no parque?
Me responda o mais rápido que puder.”
Depois de uns vinte segundos a amiga respondeu:
“Diga que esta ocupada no almoço.
Tarde no parque com toda certeza!”
Clara pegou novamente o telefone – Thomas?
- Sim? Você escutou o que eu disse? Se estiver ocupada, não tem problema...
- Na hora do almoço eu tenho um compromisso, mas na parte da tarde estou livre. – respondeu Clara tentando ofuscar a empolgação.
- Oh... Tudo bem. Onde podemos nos encontrar? Eu te busco na sua casa?
- Eu te passo meu endereço.
Clara e Thomas conversaram por mais alguns minutos. Clara explicou onde ficava seu apartamento. Ela estava ansiosa demais. Ao desligar o telefone, já logo discou o numero de Sofia.
- Sabia que ligaria logo que desligasse o dele. – disse Sofia zombando.
- Eu marquei o parque, mas porque não um almoço? - perguntou Clara confusa.
- Sei lá, tarde no parque soou mais bonitinho e romântico.
- Achei que tinha uma regra importante atrás disso...
- Claro que tem. Se vocês só almoçarem juntos, terão pouco tempo pra se conhecer, com uma tarde no parque vocês terão no mínimo quatro horas para conversarem sobre suas vidas. Isso é um grande avanço pra saber se ele te interessa ou não.
- Meio óbvio, mas interessante. -  respondeu Clara, pensando na possibilidade de conversar durante algumas horas com Thomas. Era realmente uma idéia boa, ela estava feliz por ele ter ligado e esperava ansiosamente pelo dia seguinte.
- Você esta agora por sua conta, quer que eu te ajude a escolher uma roupa ou algo assim?
- Isso soou tão adolescente quanto minha irmã. – respondeu Clara lembrando-se de sua irmã de dezessete anos, que a maioria do tempo se preocupa com esse tipo de coisa.
- Na verdade, sua irmã é o que queríamos ser quando tínhamos a idade dela. Meu deus, a garota recebeu mais de um milhão de convites pra sair antes dos dezoito. Fico com inveja dela.
Clara e Sofia começaram a rir juntas. – É, mas se eu soubesse que aos vinte e dois anos, encontraria com um cara tão bonito quanto Thomas num bar, só por ter ido sozinha, não me preocuparia em receber tantos convites pra sair quanto minha irmã.
- Agora tem um papo sério. Você não tinha falado dele pra mim como “um cara tão bonito”. Verifique se ele tem um irmão?
Clara e Sofia se divertiam juntas, comentavam sempre sobre tudo o que acontecia em suas vidas. Sofia sempre teve seu jeito divertido de lidar até com situações difíceis, e Clara sempre fora muito meiga e tímida, então não sabia lidar com muitas coisas. Para Clara, ter encontrado uma amiga como Sofia, fora um prêmio. Conversaram por mais alguns minutos e Clara se lembrou do encontro que teria no dia seguinte.
- Eu to muito nervosa. – disse ela se sentando no sofá do seu apartamento e respirando fundo.
- Fica calma. Na primeira vez que se viram não deu tudo certo? Ele parece um cara legal e cheio de assunto.
Conversaram mais sobre o que poderia acontecer na tarde no parque e Sofia se lembrou que ainda tinha que fazer algumas coisas e tiveram que desligar.
Clara foi até seu quarto e procurou algum filme na sua estante para que pudesse assistir. Clara não gostava muito de sair de casa. Normalmente as pessoas no sábado, comemorariam porque podem sair de casa e até passarem a noite em claro. Mas Clara gostava de simplesmente visitar Sofia, ou assistir um filme sozinha em seu apartamento.
De repente o telefone dela começou a tocar.
- Clara! To indo ai passar a noite com você. Mamãe saiu com o papai... Mas tem uma coisa, você pode vir me buscar aqui?
- Por que você não sai com eles? – perguntou Clara.
- Porque eles vão ao cinema, sei lá. Deixe terem um encontro em paz. Eu também to com saudade de passar a noite com você, afinal... Faz muito tempo que não faço isso.
Clara parou alguns segundos para pensar, e se lembrou que dês de que saíra da casa de seus pais era realmente muito difícil de ver sua irmã, e só passavam a noite juntas nas ocasiões especiais que Clara acabava promovendo.
- Daqui a vinte minutos, eu estarei ai. – disse Clara já se levantando e pegando as chaves do carro.
Clara tinha ficado feliz que sua irmã havia ligado. Dessa vez não precisaria assistir filme sozinha. Teria uma noite agradável.

Thomas
Após desligar o telefone, Thomas tinha ficado com muitas coisas na cabeça, mas nada que ele conseguisse se concentrar a fundo pra pensar. Ele estava confuso, alegre, nervoso, empolgado... Isso o fez lembrar de quando era criança.
A primeira garota que ele tivera se encantado, quando ele tinha talvez uns dez anos. Era uma garota que estudava em sua classe. Ele acreditava que eles tinham tanta coisa em comum, e todos os dias ele torcia para que ela procurasse um lugar perto do dele para se sentar. Era tudo muito simples, mas agora era muito diferente. Era essa confusão de sensações que ele estava sentindo agora, e parando para se lembrar, Clara era muito parecida com aquela menina, só que como uma versão muito melhorada da imagem que ele tinha daquela garota de anos atrás. Há tempos ele não se sentia dessa forma.
Thomas tinha a crença de que as coisas por si só aconteceriam, por isso passou tanto tempo sozinho e nem reparava nas pessoas a sua volta. Não tinha vontade de se relacionar com alguém que fosse qualquer pessoa, ele sabia que tinha que procurar alguém que fosse... Diferente. Fora essa a única palavra que ele procurava constantemente em alguém.
Não tinha certeza de tivera encontrado isso em Clara, mas ninguém conseguiu tanta apreciação dele em uma só noite. Ela tinha algo, e talvez sim, ela fosse diferente.
Ficou mais algum minuto pensando sobre o assunto, mas logo afirmou a si mesmo a sua crença. Independentemente, se Clara ou fosse qualquer outra pessoa. Mas mesmo assim, ela não saiu de seus pensamentos.
Por fim Thomas se levantou do seu sofá e foi a procura de algo que pudesse mordiscar até ele sair para jantar. Abriu a geladeira e achou uma garrafa de refrigerante, uma de água, alguns queijos fatiados, maionese e algumas folhas de alface.
- Não é um caviar, mas acho que dá... – disse ele deixando escapar os pensamentos.
Encontrou pão de forma e começou a montar seu sanduíche. Enquanto comia começou a pensar que morar sozinho às vezes tinha seu lado solitário. De amigo ele só tinha Charles, desde que começou a namorar Emy não tinha tanto tempo para a amizade que eles tinham quando ele estava solteiro. Thomas tinha apenas uma irmã mais velha, que já estava casada e tinha dois filhos para criar, então não se sentia confortável em ficar atrapalhando a vida dela com visitas. Seus pais eram muito hospitaleiros, só que viajavam constantemente para cidade de seus avós, então Thomas os encontrava em casa só em ocasiões especiais.
Depois de comer, Thomas decidiu ligar  para Charles, pode ser que talvez ele estivesse livre para fazerem alguma coisa.
- Thomas! Estava esperando que me ligasse. – disse Charles falando muito alto do outro lado.
- O que aconteceu? – perguntou Thomas afastando o telefone do ouvido.
- Desculpa. Como você me disse que encontrou uma garota ontem no bar, que tal irmos no cinema nós quatro juntos essa noite? – Charles agora gradativamente ia diminuindo o volume da voz.
- Eu marquei com ela de sairmos amanhã. O que acha de adiarmos pra amanhã a noite?
- Amanhã a noite esta bom! Eu e Emy vamos jantar comida chinesa. Esta com fome? Venha com a gente.
Charles sempre quando queria que eles saíssem juntos, falava como se fosse uma ordem. Ele não gostava de saber que Thomas ficava muito tempo sozinho, porque ele sabia que a maior parte da culpa disso acontecer era dele por ter “grudado” em Emy e largado de mão das saídas e viagens loucas de amigos que eles faziam.
- Onde estão? Vou encontrá-los. – disse Thomas respirando fundo.
- Na verdade, eu estava saindo do escritório. Agora que peguei meu carro estou indo buscar Emy. Nos encontramos naquele bar que tem perto do centro pode ser? Ainda esta muito cedo pra jantarmos.
- Certo.
Enquanto Thomas trocava de roupa deixou escapar mais alguns pensamentos altos – Melhor do que ter que escolher o que vou comer sozinho na frente da tv...
Teve um fim de noite muito divertido. Emy estava radiante e feliz. Thomas ficara muito feliz de ver seu amigo bem e esperava que Charles e ela fossem felizes, afinal Charles merecia isso.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Posso desabafar?


O motivo de não atender, de não responder. Tenho um grande atraso pra sentir, só sinto depois de refletir por algum tempo.
Você me julga por eu não conseguir explicar, eu te julgo por me cobrar explicações. Um coração que mede o punho de seu dono pode caber dentro dele a importância de dois outros punhos?
Eu digo que pra mim você é importante, que te ver de novo foi bom, me deu sensações que não sinto com outras pessoas. Mas por um breve momento, sinto que você não acredita em mim quando digo que outro punho entrou em meu coração, pegou pra si um espaço único como o seu, mas dele.
Agora esse outro punho que tem praticamente tomado o espaço inteiro dos dois. Tem me trazido certezas, e alegrias que ninguém pôde me dar. Ele é, pode ser ou vai ser o único um dia.
Errei porque no passado demorei a te contar o que queria, agora erro por medo de te falar a mágoa que me causas por duvidar de mim. Ocultei de você a verdade uma vez, mas agora precisa ser diferente.
Eu quero que seja diferente.
Não te respondo pra perceberes que criei uma barreira. Da mesma forma que minhas palavras podem te ferir, as suas já foram cravadas como punhais em minhas costas em muitos momentos, mas eu evitei me magoar por ti.
Eu estou a lutar continuamente para que ambos os punhos estejam dentro do meu coração. Mas vou te deixar ir embora se quiseres, porque eu não consigo mais suportar as feridas por medo de te perder.
Prefiro apenas observar as cicatrizes, pra presenciar antigas lutas do que feridas abertas e recentes. Essa é a única e melhor decisão que tomei desde que pude saber do que sinto.

 Meu veredicto esta nas entrelinhas, e o meu adeus está aqui.

sábado, 6 de agosto de 2011

Dezoito lições por dezoito anos.


Birthday's Post

1- A corda vai arrebentar sempre pro lado mais fraco, na maioria das coisas na vida, ou em todas elas.

2- Nunca se preocupe em ser ou parecer inteligente pra alguém. O conhecimento alimenta a sua alma e isso basta.

3- Não importa quão brusca seja sua mudança no exterior, mal vão reparar a diferença se seu interior não mudar também.

4- Meça os problemas. Essa é a única coisa na vida que vai fazer você viver melhor. Não meça comparando com os problemas dos outros, mas se imagine colocando cada um numa escala de 0 à 10. Se você os enfrentar, vai perceber que muitas vezes você venceu um problema 10, e no momento, esta fazendo um problema 3 ser maior do que um problema 10.

5- Ler livros faz bem. Apesar de parecer cansativo, nenhum mal vai te causar.

6- Vale muito mais a pena amar do que só ficar apaixonado.

7- Seja sempre o primeiro a dizer o que sente. Se você ficar esperando pela outra pessoa você simplesmente não vive.

8- Não seja blasé em todas as situações, as vezes as pessoas preferem um chavão a qualquer outra coisa.

9- Não defina alguém por inteiro antes de ao menos tentar conhecê-lo. Sempre que você tentar analisar uma pessoa antes de conhecê-la, vai descobrir que estava errado em algum detalhe que você deduziu, mesmo que seja pequeno.

10- Não estipule um futuro toda vez que conhecer alguém, deixe que o tempo te surpreenda.

11- Cultive as amizades, se caso você não presenciar nenhum florescimento, espere até que a desistência venha.

12- Tenha fé em alguma coisa. Ter fé é bom, seja lá no que for, acreditar em alguma coisa dá motivos pra você viver pra provar pra outras pessoas que aquilo que você tem fé realmente existe. A fé é a única coisa que ninguém pode tirar de você.

13- Em tudo o que você fizer, dê o seu melhor. Se fizer isso, garanto que o resultado vai ser bem mais emocionante.

14- Escolha algum refúgio na vida pra você expressar o que sente. Seja na música, na literatura, na pintura... Quando você coloca sentimento em algo que faz – que não seja por obrigação – você emociona outras pessoas, e acaba ajudando a todos e a si mesmo.

15- Nunca se deixe levar pela opinião dos outros pra tomar uma decisão importante. Conselhos são bons, mas a vida é sua e a responsabilidade também.


16- Aceite as oportunidades que te oferecem todos os dias para se divertir. Muitas coisas podem ser muito melhores do que aparentam ser.


17- O tempo infelizmente não vai parar nos bons momentos pra que eles se tornem eternos, você é quem deve conservá-los para que eles vivam para sempre.

18- Ajude quem precisa porque um dia você é quem vai precisar ser ajudado.


Recado especial:

Primeiramente obrigada pra quem leu até aqui. Hoje é um dia muito importante pra mim, então passei uns dias pensando em numerar dezoito das milhares de lições que ja aprendi na minha vida até hoje.
O blog tem sido uma das melhores coisas que ja fiz na minha vida, tanto pra desabafar, como pra ver até onde posso chegar com minha criatividade. Escrever me transporta e é o que me faz sentir melhor em algumas situações da vida.
O meu maior agradescimento vai pra você que lê e que dá sua crítica, seja ela positiva ou negativa. Muito obrigada por todos vocês. Se caso algum dia você usar uma dessas lições, ficarei grata por ter feito a minha parte e escrito isso pra você. Espero que esse post ajude a vida de muitas pessoas e que pelo menos uma dessas lições sirva pra sua vida.
Um abraço pra vocês leitores e amigos.
E um feliz aniversário pra mim (risos).

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Histórias pra merecer.

Um longo dia daqueles que acontece tantas coisas que você não consegue nem lembrar de tudo. Não era um mau dia, só era um dia comum.
Sempre nesses dias eu sinto como se alguém já soubesse de tudo o que vai acontecer, mas esta esperando pra ver se eu vou perceber isso. Aquele dia em que eu já passei semanas longe de quase todos, e só aí que percebi que perdi as pessoas. Todos parecem diferentes comigo e eu me sinto culpado por isso. Eu afastei as pessoas por pura falta de controle. Isso era pra acontecer?
Bate aquela louca vontade de dizer que estou com saudades, e esquecer que antes de partir, deixei mágoas e sentimentos ruins pra traz. Aí vem a memória o meu próprio egoísmo e as coisas que acabei esquecendo quando tentei espairecer a mente.
Nesse dia eu me imagino contando pra algumas pessoas o quanto lutei pra que elas se tornassem minhas, algumas afirmam que são minhas e não tem mais como reverter. Para o resto das pessoas, tenho aquele sentimento de perda, que por eu ter estado longe, elas também se afastaram. Tento definir os que ainda tenho, tento manter em mim o que amo neles, isso nunca vai partir.
Tentei em vão me curar de um mal que eu mesmo causei. Quando me afastei, em vão foi a saudade de alguns. Bem que imagino que a saudade só vai até onde eles podem sentar numa cadeira em frente a uma mesa e numa folha, escrever isso. A minha saudade vai além do que posso explicar, e é nesse dia que eu tento medir em palavras praticamente tudo.
Vou caminhando e o fim do dia já é esperado. Chega o fim do dia e o fim da ultima esperança de tudo mudar, mudar a mim mesmo. Daqui posso ver aqueles que perdi, aqueles que ganhei, aqueles que esqueci... Escapa-me pelos dedos a vontade de viver, escapa-me também o medo. De braços abertos, voei para meu destino.
O desejo mais oculto e o maior pesadelo foi revelado. A história que um pobre homem só conta para aqueles que merecem... Mas, dos poucos que merecem, nenhum deles se dispôs a ouvir.

Carta suicida.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Se eu pudesse mudar o imutável.

Se eu soubesse escrever, escreveria mil cartas que nunca enviaria.
Se eu soubesse pintar, faria de você minha Mona Lisa, com todos os seus mistérios expressos em um sorriso tímido e restrito.
Se eu soubesse cantar, minha paixão seria melodia, você seria meu refrão, esse platonismo seria o que minha voz exprimisse em sons.
Se eu fosse corajoso, não me esconderia mais, não me torturaria mais, não estaria tão longe.
Eu só seria tudo isso se não fosse eu. Na minha forma sem conhecer muito de literatura, arte, música e coragem, me apaixonei por você. Não sei se é recíproco, mas eu luto cada dia mais contra meu eu para conseguir ser seu e você minha.
Mas não posso deixar que você se apaixone por um eu que não existe. Tento de longe te convencer do meu amor, com sussurros a distância me fazer ouvir, com mãos quase inúteis te trazer pra perto sem te tocar. Você me amaria mesmo assim? Você me escutaria? Você sentiria meu toque?
A distância me afeta. O sentimento só aumenta, mas você parece cada dia mais intocável.
Poderia me sentir como o sol apaixonado por uma flor, as vezes a lua me impede de vê-la, mas todos os dias ele esta lá para observar sem poder tocar.
As vezes a vida me parece injusta. Eu aqui imaginando como seria, a expectativa as vezes parece muito mais linda que a realidade. Nos meus sonhos eu te tenho, tão perfeita quanto te vejo, nos meus sonhos eu sou corajoso, te levo flores. Você me agradece com beijos, eu te envolvo nos meus braços e enfim a hora de despertar. Na realidade você é tão linda quanto nos sonhos, perfeita, o som da sua voz é suave.
Eu lutaria contra meus demônios pra te ter, enfrentaria todos cara a cara. Poria minha fé e meu amor, nem que pra vencer colocasse minha vida. Trocaria minha vida inteira por somente dez segundos com você, daria tudo pra que você soubesse. Eu te amo talvez com a intensidade de mil vidas, mesmo se eu pudesse mudar isso, eu não mudaria, só se fosse possível te amar mais do que já amo.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Sem título.

Tenho algo doendo na minha garganta, forçando-me a umedecer os olhos. Chego até a pensar que o que dói em minha garganta toda vez que choro é meu coração, parece que ele esta esperando o momento certo pra ser vomitado. Eu não aguento segurar o choro, mas quando perdi as forças ele não veio.
Você me pergunta se ainda gosto de você, você se culpa por me magoar, você se sente mal, você diz que gosta muito de mim. Eu te digo que sim, eu me culpo por ter entrado no caminho, eu me sinto mal e desejaria voltar no tempo.
Quanto mais anos se acrescentam a nossa idade, mais a gente abre os olhos pra saber se o amor é algo que machuca ou algo que deixa feliz. Eu tinha medo, foi como se eu estivesse prevendo o futuro, isso me ensinou a acreditar nas minhas intuições. Nenhum dos lados tem culpa.
Você já me conhece bem o bastante pra saber o quanto eu sei sobre decepções, eu já sou grande o bastante pra aceitar todas elas, aprender com elas e conviver com elas. Eu tinha um desejo, todos tem vontades egoístas, eu só não queria te perder essa noite, mas é bem difícil quando você não tem certeza do que vai acontecer no dia seguinte. Eu não disse tudo o que eu gostaria de dizer, na verdade quando você me perguntou sobre nós eu gostaria de responder diretamente do meu coração, responder o que eu estava pensando, algo me bloqueou, por sinal me bloqueou na hora certa. Talvez se você conhecesse todo o meu interior isso te deixaria mais confuso e seria mais difícil pra você escolher seu próprio caminho.
Isso me lembra que pra esperar você, tenho que adquirir paciência. Isso eu não tenho. Não tenho paciência, mas tenho amor que por si pode esperar uma eternidade para acontecer. Você vai fazer o que é melhor pra você, não me importaria de sofrer um pouco pra te ver feliz, também não me importaria de ficar sem viver pra que sua escolha seja mais fácil. Eu não queria pensar assim, mas dês de o começo me senti como um obstáculo. Me esforcei pra que eu me tornasse pelo menos um obstáculo para você avistar e esquecer dos problemas maiores, acho que isso eu consegui. Você pra mim não foi um obstaculo, você foi uma porta de escape pra tudo de ruim que eu vivi, como um diário que eu pudesse contar meus segredos e medos. Mas mal sabia você que meu maior medo eu não contei, este era de um dia perder essa porta, perder o refúgio, perder teus beijos e abraços, perder o que eu amei em você.
Você insiste em dizer que estragou tudo, mas na verdade, eu fico feliz em ter tido você. O que veio depois disso realmente não importa, se foi ruim, se foi bom. Eu sei que o sentimento permanece, pode parecer pessimista, mas eu vou esperar pelo pior, quem sabe no final você não me surpreenda. Mas no fundo todos nós sabemos que eu espero o melhor, mas o melhor pra mim é o pior pra outra pessoa.
Eu não queria sentir a sua falta.
Eu pensei que não tinha sono por ter você, mas descobri que insônia é não estar com você.
Não sei se essa noite estarei em seus pensamentos, mas você nunca saiu dos meus.

Rascunho da vida


Eu gostaria mesmo de entender porque sempre depois de um dia bom, ou momento bom, sempre tem uma notícia ruim, ou sensação ruim. Pelo menos, pra mim sempre foi assim.
Um dia desses, decidi – tentar – não me importar, mas o lado ruim me incomodava tanto. Não sei se isso vem pela minha forma errada de gostar. Quando tudo parece ir caminhando pra melhor, um travessão vem me incomodar, na verdade, vários travessões por todos os lados me bombardeando.
O amor tem pouco espaço no mundo, e disso, quase tenho certeza. Não sei se as pessoas esqueceram – ou não aprenderam - o significado do amor, ou eu que sempre vi de uma forma errada. Bons eram os tempos, em que eu só me preocupava com as cores do giz de cera que eu ia usar. Acho que o coração me enganou fazendo eu ter fé em algo que ele quis chamar de amor, mas na verdade era outra coisa. Sempre me pego pensando nisso, nessa necessidade de alguém que muitas vezes só se interessou em uma pequena dose do que provavelmente eu produzi um lote inteiro. A gente sempre dá de mais pra quem merece de menos, e as vezes também o contrário.
Os tempos de colorir passaram, cansei de tentar trocar amor por qualquer mísera atenção. Cansei de tentar entender o mundo.
A vida sempre me pareceu um grande texto a ser mal interpretado por qualquer babaca. Nesse texto o grande parágrafo dos sentimentos, muitas pessoas o deixaram pra ler depois e sem entender nada, brincam com aqueles que levaram a sério essa “parte”. Admito, não sei se já fui brinquedo, ou melhor, não tenho certeza, mas sei que fui uma das pessoas que tenta – e continua tentando – entender o grande parágrafo.
Meu grande P.S. pra você que deixou os sentimentos pra depois, experimente! Aposto que você vai entender o porque de tanta interpretação diferente e quem sabe você crie a sua também.
 

sábado, 7 de maio de 2011

Hoje pensei em madrugadas.

Deitado daquela forma, pegar no sono,
Lembrei-me de você.
As ligações se refizeram na memória,
Sua voz veio alta nos ouvidos.

Minha mente, confusa,
Não soube dividir o real de ilusão.
Mas agora sei que você só foi,
Não é mais...
Minha vida, toda confusa,
Sem ordem, sem você.
Aquela voz cansada, implorava
Para que você também lembrasse de mim.
Que minha voz te assombrasse, que meus beijos te seguissem.
Não era preciso você ligar, eu esperava por isso,
Sua voz a ultima e a primeira coisa que eu sempre quis ouvir.
Ouvir me chamar pelo nome, ouvir você cantarolar canções pra me fazer rir,
Ouvir sua risada, sua e de mais ninguém,
Era única.

Não consigo fugir dessas madrugadas,
Seria o mesmo que fugir de mim.
Posso te escutar, não só nas madrugadas,
Tudo é você, você esta em qualquer lugar,
Não dá pra me desfazer,
De você.
Não dá pra me desfazer,
Do amor.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Parte 2

Thomas


Thomas naquela noite, não dormiu muito.
Acordou cedo porque tinha se esquecido de fechar as cortinas, e o sol das dez da manhã foi depressa de encontro ao seu rosto no travesseiro. Ao perceber o sol, apertou os olhos e se virou para o outro lado.
Quando se virou, percebeu que tinha aparecido um sorriso no seu rosto lembrando da noite anterior. Sentou-se na cama e coçou a cabeça, pensando no que ia fazer.
Ao se levantar ficou algum tempo parado, olhando pra janela. O dia estava muito ensolarado. Olhou para o criado mudo ao lado de sua cama e viu seu celular, pegou e procurou o número de Clara.
Forçou sua mente para lembrar exatamente como era o rosto dela, mas tinha perdido alguns detalhes, só se lembrava dos olhos verdes. Esfregou os olhos com as pontas dos dedos e foi tomar um banho frio, que era isso que ele precisava.
Enquanto estava no banho, escutou o telefone tocar, e pegou a toalha e saiu escorregando pelo banheiro, correndo para que não perdesse a ligação, pensando que fosse uma ligação de Clara.
- Alô? - disse Thomas segurando no telefone com as mãos ainda molhadas.
- Thomas! Eu sei que é meio cedo, mas tem um tempo pra um almoço?
- Quem é? – disse Thomas sem reconhecer a voz. Apoiou o telefone na dobra do pescoço e secou as mãos.
- Sou eu Thomas, o Charles. Você ta bem?
- Nossa, desculpa Charles.
- Como foi ontem naquele bar estranho, sozinho?
- Se eu te falar que não foi ruim você acredita em mim?
- Claro que não, você odeia esses lugares.
- Não odiei, mas isso não da muito pra contar por telefone, e você como foi ontem no jantar com os pais da Emy?
- O jantar foi bom, eu fiquei um tanto medroso, mas eu também não vo conseguir te contar isso por telefone.
- Vão casar?
Charles fez uma pequena pausa e disse:
- Que horas você pode passar aqui na porta do escritório?
- Daqui a uma ou duas horas...- Thomas fez uma pausa e se lembrou de ter deixado o chuveiro ligado e se apressou em dizer – Tenho que desligar, logo eu chego ai.
Depois de terminar o banho, foi logo pegando o primeiro jeans que viu na frente pra usar e uma camiseta que estava pendurada. Logo pegou as chaves do carro que estavam sobre a estante da sala e saiu do apartamento, ainda com os cabelos molhados.
Quando parou o carro em frente a calçada que Charles estava, esperou até que o amigo entrasse no carro e disse:
- Parece que alguém tem algo pra me contar.
- Vamos naquele restaurante de esquina com meu apartamento, pode ser?
Charles parecia ignorar o que Thomas dizia e estava demonstrando tanta preocupação que Thomas não sabia o que pensar nem o que dizer e apenas confirmou um tanto desconfiado. Ele pensava porque o amigo estava com uma expressão tão apreensiva no rosto e queria saber se tinha dado tudo certo. O que importava era o amigo, ele poderia deixar de pensar em Clara por algumas horas.
Ao chegarem no restaurante, Charles se limitou em não dizer nada até pedir o que queria comer. Thomas ficava só analisando o amigo, depois fez seu pedido. Quando os pratos chegaram pelo garçom em sua mesa, Charles finalmente falou:
 - Acho que a Emy vai terminar comigo.
- Por que você tá falando isso?
- Porque ontem no jantar, ela estava agindo estranho... Eu imaginava que ela sabia que eu queria pedir ela em casamento, mas ela não deu chances pra mim dizer nada pra ela, muito menos pros pais dela. Ela ficava o tempo todo falando de outros assuntos e não olhava pra mim, parecia muito preocupada... Na hora que eu estava indo pro meu apartamento, ela não quis vir comigo e falou que dormiria na casa dos pais dela aquela noite. Foi tão estranho.
- Pode ser coisa da sua cabeça, fica calmo. Tenta ligar pra ela mais tarde, chama ela pra jantar e conversa com ela... Pode não ser isso.
Ficaram os dois comendo em silêncio, até que Thomas tentou um assunto diferente:
- Não quer saber como fui ontem?
- Claro que quero. Pelo jeito só gostou por ter conhecido alguém! - Charles ainda estava apreensivo.
- Vamos cara, não deve ser só isso que tá te preocupando, você quer que eu te leve na casa dela depois do nosso almoço pra vocês conversarem?
- Você faria isso por mim?
- Pelo jeito que você tá, acho melhor nem voltar pro escritório hoje.
- Vou ligar pra adiarem a reunião das cinco pra outro dia, talvez para amanhã, ainda não sei.
- Se quiser ligar agora...
Charles se levantou, pediu licença e foi discando o numero até chegar a porta do restaurante. Ficou alguns minutos do lado de fora enquanto Thomas almoçava. Quando voltou disse que estava tudo certo, e terminaram de almoçar falando pouco e só a respeito do dia e as vezes um elogio para a comida.
No caminho para a casa dos pais de Emy, Charles segurava com força o sinto de segurança como se a qualquer momento o carro fosse bater. Thomas ficava concentrado enquanto Charles falava: “Entra na segunda esquerda, depois na primeira direita...”. Ao chegarem Thomas disse que esperaria no carro.
Depois de duas horas, Thomas já estava com medo. Ele via pela janela da casa os dois na sala em pé conversando sem sorrir, e ficou com medo de que realmente fosse um término, até que de repente viu um abraço extremamente apertado e o sorriso que Charles tinha aberto no rosto acalmou Thomas como uma mamadeira acalma um bebê com fome.
Ao sair da porta da casa, Charles deu um longo beijo em Emy que o abraçou com muito carinho e ele veio caminhando até o carro.
Ao entrar Charles disse:
- Não era nada do que eu tava pensando.
- O que aconteceu?
Charles ficou alguns minutos em silêncio, como se estivesse pensando no que dizer e de repente surpreendeu Thomas dizendo:
- Ela tá grávida! Ontem ela não quis falar sobre nós, porque primeiro queria me contar sobre o bebê, pra depois contar pros pais dela.
- E você não trouxe a aliança com você?
- Não, mas quero fazer surpresa pra ela amanhã, assim que ela chegar no meu apartamento.
Isso vai ser muito legal.
Charles as vezes ria no carro como se alguém tivesse contado uma boa piada para ele. Finalmente charles disse:
- Cara, desculpa! Eu não perguntei direito sobre ontem a noite. Pode me contar agora?
- Claro que conto. Sim, eu conheci alguém. Era isso que você tinha me perguntado no restaurante, e gostei porque conheci ela sim.
- Nossa, fazia tempos que não ouvia você dizer isso de alguém. Como ela é?
-Ah cara, eu não consigo esquecer dos olhos verdes dela e aquele cabelo castanho comprido ondulado... Ela é muito bonita.
- E ai? Qual o nome dela? Sobre o que conversaram?
- O nome dela é Clara. Não lembro exatamente de tudo o que conversamos, foi tudo tão espontâneo que não consigo lembrar muito bem de nada o que disse. As palavras vinham e saiam da minha boca, sem nenhum constrangimento.
- Então ela não é uma garota de bar... E você dizendo que não tava afim de sair ontem porque sabia que não encontraria nenhuma garota interessante, que todas te davam nojo e etc.
- É, me surpreendi.
- Vai ligar pra ela?
- Claro que vou, assim que eu voltar pra casa.
- Desculpa, eu to te atrapalhando né?
- Não, não esta. Foi bom ter te ajudado hoje.
- Mas vocês se beijaram? Algo assim?
- Não, só conversamos! Isso que eu gostei nela, ela nem demonstrou vontade, infelizmente.
- Ou ela realmente não se interessou por você...
- Não fala assim, ela valeria a pena insistir!
Os dois riram juntos e conversaram por mais alguns minutos no carro até Thomas deixar Charles na calçada de seu escritório.
- Brigada cara, se cuida e liga pra ela tá?
Thomas só sorriu para ele e voltou as pressas pro apartamento ansioso para ligar para Clara. Ao chegar no apartamento, era quatro da tarde. Thomas jogou as chaves em cima do sofá e pegou o telefone sem fio. Exitou alguns minutos, mas finalmente pegou o numero e começou a discar.
Tocou algumas vezes e caixa postal.

Clara

Ao chegar a porta do apartamento, não sabia teria recados de thomas, mas mesmo assim entrou as pressas. Ao abrir a porta escutou o ultimo toque do telefone e a mensagem começando a ser gravada que dizia:
- Oi Clara, é o Thomas. Só liguei pra saber se...
O mais rapido que pode, puxou o telefone se sentou no sofá e disse:
- Thomas! Desculpa, acabei de chegar em casa.
Clara estava realmente feliz com a ligação e não sabia que a receberia logo na hora que chegasse em casa. Ela agora estava realmente surpreendida com Thomas.

Thomas

Thomas estava surpreso e ao mesmo tempo muito feliz e nervoso, não sabia o que dizer e não sabia que Clara o atenderia. Ele então tinha ligado na hora certa, e seguido bom conselho de seu amigo. Agora não sabia o que esperar de Clara, mas estava contente por ela tê-lo atendido.

domingo, 17 de abril de 2011

Parte 2


Clara

Depois do longo descanso, Clara queria ter certeza de que a noite anterior tinha acontecido mesmo. Ao se sentar na cama, viu a bolsa numa mesa perto de sua cama e as roupas espalhadas pelo quarto.
Levantou-se ainda descrente em tudo e revirou a bolsa para encontrar seu celular. Ao encontrá-lo, buscou nos contatos o nome de Thomas.
- Achei! Foi verdade então... – disse Clara com um sorriso no rosto.
Ainda desorientada decidiu tomar um banho pra ver se conseguia acordar totalmente.
Ela tinha que se concentrar no banho, porque se deixasse seu pensamento livre ela demoraria horas para sair do banho – como costumava fazer sempre - mas já era tarde e ela tinha que ligar para sua amiga e contar sobre as novidades.
- Sofia? – disse Clara ao ligar para a amiga.
- O... O que? Como ousa me ligar tão cedo? – a amiga respondeu com a voz completamente rouca.
- Não é cedo. Bom, o que importa é que já te acordei mesmo. Que tal um café da manhã com sua amiga hoje? Tenho coisas pra te contar e quero saber da sua noite de ontem também!
- Qual é! Não passou a noite com ninguém não? Tem que vir me ligar essa hora?
- Você já viu que horas são?
A amiga ficou quieta por alguns instantes. Clara escutou o som da janela da amiga se abrindo pelo telefone e alguns passos.
- Oh meu Deus! Cara, já passou das duas e eu ainda achando que era muito cedo! Desculpa amiga.
- Ta, eu espero você tomar banho. Que tal daqui a meia hora naquela padaria que íamos sempre juntas, lembra?
- Hm, tudo bem. Daqui a meia hora estarei lá!
Clara se apressou em abrir o guarda roupa e procurar algo que pudesse vestir. Logo depois pegou a mesma bolsa e as chaves do carro que estavam na sala e saiu. O dia estava muito quente e ensolarado. No caminho para padaria ela não sabia como começaria a contar para Sofia o que tinha acontecido na noite anterior.
Ao chegar teve que esperar mais uns quinze minutos, porque como sempre sua amiga estava atrasada. Clara foi procurar algum lugar pra sentar. Ao se sentar, viu a amiga toda atrapalhada, passando pela porta da padaria com o cabelo ainda despenteado e olhando para todos os lados. Clara balançou o braço e Sofia sorriu.
- Desculpa. Eu sei que to atrasada.
- Normal, só que eu to morrendo de fome.
- Que tal um pedaço de torta? Eu vou ali buscar pra gente.
Depois de alguns instantes Sofia apareceu de novo com as duas tortas na mão, e foi numa pequena geladeira pegar algo pra beber.
- O que você quer? – disse Sofia olhando pra geladeira. – Tem chá gelado serve?
- Pode ser! - Clara pegou a primeira colherada da torta esperando a amiga voltar com as bebidas.
- E aí? Pode começar a me contar porque eu não tenho quase nada a dizer. – disse a amiga depois de tomar um gole do chá gelado. - Ah amiga, se não conheceu ninguém, o jeito mais fácil de acabar a solidão é procurar na agenda o número de algum ex que não te odeie e fazer bom proveito da ligação. – disse Sofia e após dizer isso as duas começaram a rir.
- Não preciso de nenhum ex. – disse Clara.
- Onde se conheceram? Quando? E como?
- Onde e quando... Bem, no bar que eu te disse que ia ontem. Na verdade fui sozinha mais pra ver se encontraria alguém só pra conversar mesmo. Conhecer alguém novo não mata ninguém. Agora vem a parte do como que é bem interessante...
- Um cara de bar? Tem certeza que foi real pra você estar me chamando aqui? Acho que você imaginou tudo e ta me contando esse delírio. – disse Sofia interrompendo Clara.
- Não um cara de bar. Na verdade era um cara em um bar, ele não era como os outros idiotas que estavam lá. Ele parecia que não tava gostando do lugar.
- Bom, eu tenho minha regrinha, a gente conhece um cara pelo que ele ta bebendo... O que ele tava bebendo?
- Beber? Bem, com muito nojo, um copo de cerveja.
- Com nojo? – disse Sofia espantada, ao ver que clara tinha feito uma cara brava pra ela, ela continuou - Ta, deixo pra fazer minhas conclusões depois.
- Então, eu entrei no bar e fiquei procurando uma pessoa pra conversar. Quando um idiota típico veio me oferecer uma bebida eu o dispensei. Depois quando olhei pra esse cara ele já tava com outra menina... Mas, aí começa meu “conheci alguém”. Quando olhei na direção do idiota, vi um cara lindo sentado a umas quatro cadeiras a minha esquerda.
- Que nojo desse cara que você disse, aposto que o outro é igual ele.
- Não fala assim, to esperando pra conhecê-lo melhor.
- Como esse cara lindo era?
- Deixa eu contar por detalhes, depois você vai saber como ele era. Para de ser apressada.
- Ta bom, credo. – disse Sofia encostando as costas na cadeira e bebendo o seu chá.
- Quando o vi, pensei nisso que você pensou, que talvez ele fosse tão idiota quanto os outros, mas não queria ir até ele pra conversarmos, então dei um jeito pra saber se ele tinha reparado em mim. Eu me levantei e fiquei uns segundos longe da cadeira, aí vi ele correndo em direção da porta e dei um jeito de trombar nele.
- Esperta você, mas porque ele tava correndo pra porta?
- Ah, ele disse que estava indo atrás de uma pessoa, mas vou te confessar que não vi ninguém sair do bar depois que eu entrei, então achei isso muito estranho.
Sofia olhou para clara com os olhos bem abertos e se apoiou na mesa com os cotovelos e disse:
- Então ele deve ter pensado que você tinha saído.
- Também pensei nisso.
- É provável, porque se ele disse que tava indo atrás de alguém e depois fica pra conversar com você é bem estranho.
- Ele disse que já tinha perdido a pessoa, então poderia ficar pra uma bebida.
Sofia ficava cada vez mais interessada no que a amiga contava, e o tempo todo, bem humorada dando resposta que faziam as duas rirem juntas. Clara o tempo todo esperando que seu celular tocasse, mas depois de algumas horas levou um grande susto.
- O que foi Clara? – disse Sofia com um olhar estranho.
- Eu acabei de me lembrar que eu dei só o número do telefone fixo pra ele, e se ele me ligar hoje?
- Ah, deixe que a secretária eletrônica atenda. Depois você vê se ele deixou um recado...- fez uma pausa como se acabasse de lembrar de algo e continuou - Mas porque diabos você não passou seu número de celular pra ele?
- Acho que foi a pressa, ou talvez eu tenha passado... Não lembro muito bem.
Sofia começou a rir e perguntou:
- Você tava bêbada?
- Não! Na verdade, só tomei um pouco de tequila, mas nada que afetasse tanto minha memória...
- Ah, tudo bem, ele vai deixar recado se estiver bem interessado.
- Espero que sim. – Clara já estava com a expressão apreensiva e não sabia se voltava pra casa ou se saía pra algum lugar com a amiga.
- Bom, nesse caso... Obrigada pelo “café da manhã de tarde”, mas agora tenho que ir e acho que você também quer ir pra casa. – disse Sofia se levantando da cadeira, deu alguns passos em direção a cadeira de Clara que era de frente pra sua na mesa e apoiou as mãos sobre a mesa e sussurrou no ouvido dela: - Se você ligar pra ele eu te mato! – se pôs de pé novamente e continuou - Acho que o que acabei de fazer foi um juramento.
- Mas...
- Mas nada. Ou liga pra ele e morre sem vê-lo de novo, ou espera que ele te ligue e tenha uma amiga super feliz pela sua atitude. – disse Sofia interrompendo Clara.
- Tudo bem Sofia.
Ambas saíram da padaria, se despediram e Clara voltou ao seu apartamento esperando ansiosamente para apertar o botão “reproduzir” da secretária eletrônica.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A visão de uma noite.

Thomas

Pessoas têm um poder incrível sobre outras pessoas, pensou ele em um certo dia quando estava parado em um balcão preto de um bar qualquer que tinha selecionado naquela noite, observando as outras pessoas do balcão e das mesas. Ele não tinha interesse em ninguém daquele lugar para conversar.
Olhou para uma certa cadeira próxima ao balcão do seu lado esquerdo, onde tinha uma garota sentada. Para ele era mais uma das que estavam ali esperando que alguém pagasse uma bebida, depois a chamasse para dormir junto no seu apartamento depois da longa noite. “O que eu realmente procuro aqui? É um lugar cheio de pessoas com um só maldito pensamento, acho que vou seguir o ditado: os incomodados que se mudem, e sair daqui.” Pensou novamente depois de ver a mesma garota se sentar numa mesa com um cara qualquer dali e o beijar.
Ele tinha uma expressão enjoada no rosto e se sentia o único incomodado com tudo ao redor. Ao olhar para seu lado direito, viu mais uma garota. Aquela poderia chamar a atenção de qualquer um, ou como ele mesmo sabia que tinha um gosto peculiar para aparências, pensou que talvez ela só tivesse chamado a atenção dele.
Ela sentava-se a umas quatro cadeiras de distância dele e não parecia esperar por ninguém. Ele queria se aproximar, mas isso soaria como qualquer um dos homens dali.
____
Clara

Ela pensava no que pedir, e as vezes se perguntava: “o que estou fazendo aqui?”. Pediu uma dose de tequila, quando molhou os lábios se lembrou do quanto o sabor, o odor e a textura do álcool era desagradável. Fez uma cara enojada e decidiu levantar-se.
Antes de se levantar, ela decidiu procurar algo pra fazê-la ficar. Sentiu que a música também não era de seu agrado e pensou se talvez teria alguém interessado em conversar, sem segundas intenções. Primeiro buscou por alguma garota com expressão amigável, mas todas que olhava pareciam mais interessadas nos caras típicos, com camisas mais apertadas.
- Posso te pagar uma bebida gata? – disse um dos caras que parecia mais um clichê ambulante. Era como todos os outros caras de bar. Ela tinha que dar uma resposta que não gastasse muita saliva e que fosse o mais direta possível.
- Não. - disse ela sem perder muito tempo em olhar para a cara do garoto depois de dizer isso, mas disse da forma mais clara e direta possível.
Quando se deu o trabalho de olhar novamente na direção do cara que acabara de sair do seu lado, ele já estava pagando uma bebida pra outra garota mais interessada. Na hora em que estava voltando o olhar pra seu copo de tequila, percebeu um que parecia diferente dos outros que estavam ali, mas talvez fosse daqueles que qualquer garota desejaria, ou talvez como ela mesma sabia que tinha um gosto peculiar para aparências, pensou que ele pudesse só ter chamado a atenção dela. Ele olhava meio enojado para o bar todo e parecia bastante desconfortável. Ela queria se aproximar, mas não queria parecer vulgar. Depois de muito pensar, decidiu esperar que ele a notasse.
_____
Thomas

Ele observou o copo de cerveja a sua frente. Não sabia se tomava para se encorajar, ou se jogava tudo fora. Ele odiava cerveja, mas as vezes ele gostava. Quando tentava descrever o gosto da cerveja, costumava comparar com água com gás e bastante ferrugem. Preferiu não beber ainda. Pensou durante longos minutos no que poderia fazer, mas tudo soava muito igual. Quando olhou novamente para o lado onde a garota sentava, encontrou a cadeira vazia. Ele não sabia o que fazer, pensou que ela já tivera saído, então decidiu sair atrás dela. Não percebeu que estava andando rápido demais e acabou esbarrando em uma garota. Parou para se desculpar, mas ainda olhava para a porta, pois ela poderia entrar de novo a qualquer momento. Depois de alguns segundos encarou a porta um tanto decepcionado, então resolveu encarar a menina que tinha esbarrado.
- Desculpa eu pensei que ia dar tempo de passar na sua frente, mas você estava rápido demais. - disse ela.
Ele não acreditava que ali na sua frente estava a garota que estava observando por tanto tempo no bar, ele nem tinha notado que ela não tinha saído, mas só se levantado. Ficou alguns longos segundos segurando de leve a pele macia de seu braço, e olhando de perto seus olhos num tom de verde que ele nem imaginava que existia.
_____
Clara

Ela agora tinha conseguido falar com o cara que tanto olhava, mas não sabia se tinha dito a coisa certa, só sabia que agora ele estava ali parado a sua frente. Ela sentia um pouco de dor no braço, pois o esbarrão tinha sido forte, mas ele a olhava como quem queria conversar.
- Eu estava indo atrás de uma pessoa e não tinha visto você. Como estava desatento! Desculpe. – disse ele ainda segurando seu braço.
- Tudo bem, a culpa foi metade minha. Espero não ter te machucado.
- Não me machucou, mas acho que eu te machuquei. – disse ele desviando o olhar para o braço dela um pouco avermelhado.
- Não, isso não foi nada. – ela sorriu para ele e continuou - Bem, acho melhor você correr, porque a pessoa que saiu deve estar dobrando a esquina agora. Desculpe ter trombado em você.
Ela agora estava um pouco mais confiante, mas mesmo assim preferiu tentar se sentar de novo, se ele quisesse ofereceria uma bebida.
_____
Thomas

Ele não sabia se fingia procurar a pessoa, ou se a chamava para uma bebida, mas quando percebeu ela já estava indo se sentar, então ele disse:
- Eu já devo ter perdido a pessoa mesmo, então eu posso...
- Tomar uma bebida? – interrompeu-o ela. Ele ficara realmente surpreso com o que ela disse, mas se sentou ao lado dela pegando o copo de cerveja que tinha deixado de lado.
- Eu, na verdade, detesto álcool. Até tentei uma tequila, mas só de umedecer o lábio já fiquei mal.
- Não vou dizer que sou grande fã, mas também não odeio. - disse ele enquanto levava o copo até o lábio, após um gole continuou- Realmente, eu até suporto, mas não tem nada de bom em cerveja.
Ela sorriu.
Ele não sabia o que deveria ou não dizer, e ficava montando mil frases na cabeça que poderiam servir pra ocasião, mas desistia de falar quando percebia que ela ia falar.
- Você mora por aqui?- disse ela levantando o copinho de tequila com tanto cuidado, como se tivesse uma barata dentro.
- Ah, bem... Não é tão perto...
- Se não souber explicar tudo bem, só queria saber se você não era de outro país...-tomou toda a tequila do copo e continuou - ou algo assim. Droga! Como odeio esse negócio!
Eles deixaram escapar risos.
- Qual o seu nome? – disse ele.
- Clara, e o seu?
Ele nunca tinha conhecido ninguém que combinasse tão bem com o nome quanto ela. Ela tinha a pele muito branca, os olhos eram muito brilhantes e seus cabelos eram longos e ondulavam em torno do corpo com uma tonalidade de castanho claro diferente que acentuava as sardas em torno de seu nariz.
- Thomas.
______
Clara

Ela sabia agora que encontrara alguém para conversar. Achou o nome bastante bonito e combinava com o cara bonito a sua frente. Ela quis observar melhor seus cabelos pretos, curtos e livres sobre a cabeça. Thomas era um pouco mais alto que ela, com a pele clara. Nos olhos dele brilhavam um cinza surpreendente,
Clara não sabia bem o que devia falar, mas as palavras sempre saíam dela sem precisar de muito esforço. Thomas era um cara muito legal.
- Quantos anos você tem Clara?
- Tenho vinte e dois e você? –  deu uma pausa para ver se conseguia pensar numa idade para ele, ela adorava adivinhar a idade das pessoas. – Vinte e cinco? Acertei?
- Faço vinte e seis mês que vem, então acertou sim!
_____
Thomas

Eles conversaram por mais duas horas, já era tarde da noite e ambos estavam contentes com a companhia um do outro. Thomas não se importava com o horário, queria Clara ali por vários dias se pudesse. Até que quando se deram conta, o bar já estava totalmente vazio. Clara foi a primeira a reparar nisso e quando olhou no relógio tomou o maior susto do dia.
Thomas não queria que o tempo tivesse passado tão rápido. Clara era realmente uma boa companhia.
Ao saírem juntos do bar, Clara estava toda atrapalhada procurando em sua bolsa a chave do carro, enquanto Thomas pensava em como pedir o telefone dela. Quando encontrou as chaves clara disse:
- Qual o seu numero?
Thomas não esperava que ela fosse perguntar e disse:
- O que?
- O seu número? Telefone, sabe? Então... Se não quiser passar tudo bem, tenho que ir logo mesmo, desculpa...- disse clara dando de ombros e indo em direção a um carro vermelho.
- Não, espera!
Clara olhou novamente para ele e disse:
- Ah, esqueci de perguntar... Você quer uma carona?
Thomas ainda estava um pouco confuso, mas tinha carro e não precisava da carona. Depois de um tempo disse:
- Me passe você seu número, acho que é melhor eu te ligar... Fica mais educado ao menos que você prefira me ligar porque é muito ocupada...
Clara sorriu e por fim ambos anotaram os telefones. Thomas tinha medo de que aquilo acabasse aquela noite.
______ 
Clara

Ao anotar o telefone de Thomas, ela não sabia muito bem se aquilo seria realmente tão bom uma segunda vez como tinha sido na primeira. Ela se surpreendeu com tanta gentileza.
- Boa noite Thomas, até breve.
- Boa noite.
Ela se virou e caminhou em direção ao carro. No caminho de volta pra casa só pensava no quanto Thomas era divertido e interessante. Sabia que ele era diferente de todos os outros caras. Só queria formular uma opinião quando eles se vissem uma segunda vez, porque a primeira vez é sempre melhor pelo menos era como Clara via as coisas.
Ao deitar em sua cama, Clara só tinha um desejo, ela pedia para que aquela noite tenha sido real, porque se fosse um sonho ia ficar desejando que tudo aquilo acontecesse realmente para poder ligar para ele e o encontrar de novo. 
- Isso eu só vou saber amanhã de manhã. – disse Clara se ajeitando na cama. Depois bocejou e pegou no sono

Thomas

Quando Thomas entrou em seu apartamento, ficou por algumas horas com medo de que aquela noite tenha sido um sonho, era tudo tão engraçado e ao mesmo tempo confuso. Ela não era como as outras, disso ele tinha certeza. Eles não se beijaram e muito menos trocaram qualquer tipo de elogios mal intencionados. Tudo nela era tão interessante e diferente que ele tinha medo de que um segundo encontro estragasse essa primeira impressão tão boa. Ao deitar em sua cama olhando para o telefone, Thomas não via a hora de passar alguns dias ou só de amanhecer para poder ligar para ela.
Passou-se alguns longos minutos de ansiedade e finalmente Thomas pegou num sono profundo.