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quinta-feira, 7 de abril de 2011

A visão de uma noite.

Thomas

Pessoas têm um poder incrível sobre outras pessoas, pensou ele em um certo dia quando estava parado em um balcão preto de um bar qualquer que tinha selecionado naquela noite, observando as outras pessoas do balcão e das mesas. Ele não tinha interesse em ninguém daquele lugar para conversar.
Olhou para uma certa cadeira próxima ao balcão do seu lado esquerdo, onde tinha uma garota sentada. Para ele era mais uma das que estavam ali esperando que alguém pagasse uma bebida, depois a chamasse para dormir junto no seu apartamento depois da longa noite. “O que eu realmente procuro aqui? É um lugar cheio de pessoas com um só maldito pensamento, acho que vou seguir o ditado: os incomodados que se mudem, e sair daqui.” Pensou novamente depois de ver a mesma garota se sentar numa mesa com um cara qualquer dali e o beijar.
Ele tinha uma expressão enjoada no rosto e se sentia o único incomodado com tudo ao redor. Ao olhar para seu lado direito, viu mais uma garota. Aquela poderia chamar a atenção de qualquer um, ou como ele mesmo sabia que tinha um gosto peculiar para aparências, pensou que talvez ela só tivesse chamado a atenção dele.
Ela sentava-se a umas quatro cadeiras de distância dele e não parecia esperar por ninguém. Ele queria se aproximar, mas isso soaria como qualquer um dos homens dali.
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Clara

Ela pensava no que pedir, e as vezes se perguntava: “o que estou fazendo aqui?”. Pediu uma dose de tequila, quando molhou os lábios se lembrou do quanto o sabor, o odor e a textura do álcool era desagradável. Fez uma cara enojada e decidiu levantar-se.
Antes de se levantar, ela decidiu procurar algo pra fazê-la ficar. Sentiu que a música também não era de seu agrado e pensou se talvez teria alguém interessado em conversar, sem segundas intenções. Primeiro buscou por alguma garota com expressão amigável, mas todas que olhava pareciam mais interessadas nos caras típicos, com camisas mais apertadas.
- Posso te pagar uma bebida gata? – disse um dos caras que parecia mais um clichê ambulante. Era como todos os outros caras de bar. Ela tinha que dar uma resposta que não gastasse muita saliva e que fosse o mais direta possível.
- Não. - disse ela sem perder muito tempo em olhar para a cara do garoto depois de dizer isso, mas disse da forma mais clara e direta possível.
Quando se deu o trabalho de olhar novamente na direção do cara que acabara de sair do seu lado, ele já estava pagando uma bebida pra outra garota mais interessada. Na hora em que estava voltando o olhar pra seu copo de tequila, percebeu um que parecia diferente dos outros que estavam ali, mas talvez fosse daqueles que qualquer garota desejaria, ou talvez como ela mesma sabia que tinha um gosto peculiar para aparências, pensou que ele pudesse só ter chamado a atenção dela. Ele olhava meio enojado para o bar todo e parecia bastante desconfortável. Ela queria se aproximar, mas não queria parecer vulgar. Depois de muito pensar, decidiu esperar que ele a notasse.
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Thomas

Ele observou o copo de cerveja a sua frente. Não sabia se tomava para se encorajar, ou se jogava tudo fora. Ele odiava cerveja, mas as vezes ele gostava. Quando tentava descrever o gosto da cerveja, costumava comparar com água com gás e bastante ferrugem. Preferiu não beber ainda. Pensou durante longos minutos no que poderia fazer, mas tudo soava muito igual. Quando olhou novamente para o lado onde a garota sentava, encontrou a cadeira vazia. Ele não sabia o que fazer, pensou que ela já tivera saído, então decidiu sair atrás dela. Não percebeu que estava andando rápido demais e acabou esbarrando em uma garota. Parou para se desculpar, mas ainda olhava para a porta, pois ela poderia entrar de novo a qualquer momento. Depois de alguns segundos encarou a porta um tanto decepcionado, então resolveu encarar a menina que tinha esbarrado.
- Desculpa eu pensei que ia dar tempo de passar na sua frente, mas você estava rápido demais. - disse ela.
Ele não acreditava que ali na sua frente estava a garota que estava observando por tanto tempo no bar, ele nem tinha notado que ela não tinha saído, mas só se levantado. Ficou alguns longos segundos segurando de leve a pele macia de seu braço, e olhando de perto seus olhos num tom de verde que ele nem imaginava que existia.
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Clara

Ela agora tinha conseguido falar com o cara que tanto olhava, mas não sabia se tinha dito a coisa certa, só sabia que agora ele estava ali parado a sua frente. Ela sentia um pouco de dor no braço, pois o esbarrão tinha sido forte, mas ele a olhava como quem queria conversar.
- Eu estava indo atrás de uma pessoa e não tinha visto você. Como estava desatento! Desculpe. – disse ele ainda segurando seu braço.
- Tudo bem, a culpa foi metade minha. Espero não ter te machucado.
- Não me machucou, mas acho que eu te machuquei. – disse ele desviando o olhar para o braço dela um pouco avermelhado.
- Não, isso não foi nada. – ela sorriu para ele e continuou - Bem, acho melhor você correr, porque a pessoa que saiu deve estar dobrando a esquina agora. Desculpe ter trombado em você.
Ela agora estava um pouco mais confiante, mas mesmo assim preferiu tentar se sentar de novo, se ele quisesse ofereceria uma bebida.
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Thomas

Ele não sabia se fingia procurar a pessoa, ou se a chamava para uma bebida, mas quando percebeu ela já estava indo se sentar, então ele disse:
- Eu já devo ter perdido a pessoa mesmo, então eu posso...
- Tomar uma bebida? – interrompeu-o ela. Ele ficara realmente surpreso com o que ela disse, mas se sentou ao lado dela pegando o copo de cerveja que tinha deixado de lado.
- Eu, na verdade, detesto álcool. Até tentei uma tequila, mas só de umedecer o lábio já fiquei mal.
- Não vou dizer que sou grande fã, mas também não odeio. - disse ele enquanto levava o copo até o lábio, após um gole continuou- Realmente, eu até suporto, mas não tem nada de bom em cerveja.
Ela sorriu.
Ele não sabia o que deveria ou não dizer, e ficava montando mil frases na cabeça que poderiam servir pra ocasião, mas desistia de falar quando percebia que ela ia falar.
- Você mora por aqui?- disse ela levantando o copinho de tequila com tanto cuidado, como se tivesse uma barata dentro.
- Ah, bem... Não é tão perto...
- Se não souber explicar tudo bem, só queria saber se você não era de outro país...-tomou toda a tequila do copo e continuou - ou algo assim. Droga! Como odeio esse negócio!
Eles deixaram escapar risos.
- Qual o seu nome? – disse ele.
- Clara, e o seu?
Ele nunca tinha conhecido ninguém que combinasse tão bem com o nome quanto ela. Ela tinha a pele muito branca, os olhos eram muito brilhantes e seus cabelos eram longos e ondulavam em torno do corpo com uma tonalidade de castanho claro diferente que acentuava as sardas em torno de seu nariz.
- Thomas.
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Clara

Ela sabia agora que encontrara alguém para conversar. Achou o nome bastante bonito e combinava com o cara bonito a sua frente. Ela quis observar melhor seus cabelos pretos, curtos e livres sobre a cabeça. Thomas era um pouco mais alto que ela, com a pele clara. Nos olhos dele brilhavam um cinza surpreendente,
Clara não sabia bem o que devia falar, mas as palavras sempre saíam dela sem precisar de muito esforço. Thomas era um cara muito legal.
- Quantos anos você tem Clara?
- Tenho vinte e dois e você? –  deu uma pausa para ver se conseguia pensar numa idade para ele, ela adorava adivinhar a idade das pessoas. – Vinte e cinco? Acertei?
- Faço vinte e seis mês que vem, então acertou sim!
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Thomas

Eles conversaram por mais duas horas, já era tarde da noite e ambos estavam contentes com a companhia um do outro. Thomas não se importava com o horário, queria Clara ali por vários dias se pudesse. Até que quando se deram conta, o bar já estava totalmente vazio. Clara foi a primeira a reparar nisso e quando olhou no relógio tomou o maior susto do dia.
Thomas não queria que o tempo tivesse passado tão rápido. Clara era realmente uma boa companhia.
Ao saírem juntos do bar, Clara estava toda atrapalhada procurando em sua bolsa a chave do carro, enquanto Thomas pensava em como pedir o telefone dela. Quando encontrou as chaves clara disse:
- Qual o seu numero?
Thomas não esperava que ela fosse perguntar e disse:
- O que?
- O seu número? Telefone, sabe? Então... Se não quiser passar tudo bem, tenho que ir logo mesmo, desculpa...- disse clara dando de ombros e indo em direção a um carro vermelho.
- Não, espera!
Clara olhou novamente para ele e disse:
- Ah, esqueci de perguntar... Você quer uma carona?
Thomas ainda estava um pouco confuso, mas tinha carro e não precisava da carona. Depois de um tempo disse:
- Me passe você seu número, acho que é melhor eu te ligar... Fica mais educado ao menos que você prefira me ligar porque é muito ocupada...
Clara sorriu e por fim ambos anotaram os telefones. Thomas tinha medo de que aquilo acabasse aquela noite.
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Clara

Ao anotar o telefone de Thomas, ela não sabia muito bem se aquilo seria realmente tão bom uma segunda vez como tinha sido na primeira. Ela se surpreendeu com tanta gentileza.
- Boa noite Thomas, até breve.
- Boa noite.
Ela se virou e caminhou em direção ao carro. No caminho de volta pra casa só pensava no quanto Thomas era divertido e interessante. Sabia que ele era diferente de todos os outros caras. Só queria formular uma opinião quando eles se vissem uma segunda vez, porque a primeira vez é sempre melhor pelo menos era como Clara via as coisas.
Ao deitar em sua cama, Clara só tinha um desejo, ela pedia para que aquela noite tenha sido real, porque se fosse um sonho ia ficar desejando que tudo aquilo acontecesse realmente para poder ligar para ele e o encontrar de novo. 
- Isso eu só vou saber amanhã de manhã. – disse Clara se ajeitando na cama. Depois bocejou e pegou no sono

Thomas

Quando Thomas entrou em seu apartamento, ficou por algumas horas com medo de que aquela noite tenha sido um sonho, era tudo tão engraçado e ao mesmo tempo confuso. Ela não era como as outras, disso ele tinha certeza. Eles não se beijaram e muito menos trocaram qualquer tipo de elogios mal intencionados. Tudo nela era tão interessante e diferente que ele tinha medo de que um segundo encontro estragasse essa primeira impressão tão boa. Ao deitar em sua cama olhando para o telefone, Thomas não via a hora de passar alguns dias ou só de amanhecer para poder ligar para ela.
Passou-se alguns longos minutos de ansiedade e finalmente Thomas pegou num sono profundo.


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