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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Melodias.


Dando de ombros aos problemas que cismam em controlar meu tempo, busquei abrigo em qualquer parte daquele cômodo com as paredes roxas.
Aqueles fones de ouvido eram realmente atraentes. Podia ouvir bem baixa a música que deles saía e me forçava a caminhar até eles e colocá-los.
O tom menor que iniciava a música penetrava em meus ouvidos e era como se mil facas estivessem perfurando meu corpo. O violão sempre seguindo aquelas mesmas seqüências até que apareceu uma voz que basicamente contava a minha história. Meus olhos se fixavam em uma parte da parede e era impossível saber quantos minutos já tinham se passado dês de que sentei ali. Fui impulsionada a fechar os olhos quando o refrão chegou.
As palavras começaram a se embaralhar, não estava mais escutando perfeitamente tudo o que o vocalista cantava. Minha mente novamente se perdeu em buscar flashes de lembranças para me torturar como um filme. Eu ainda escutava meus suspiros, o ar parecia comprimido. Como sempre, as cenas boas aparecem. Cada detalhe que gostava de apreciar como formato dos olhos, as sardas em seu nariz, seu sorriso, os abraços, o jeito como você penteava seu cabelo... Depois de alguns minutos, me percebo odiando cada detalhe daquele. Suas malditas sardas. O formato ridículo dos seus olhos, aquela forma ultrapassada de pentear o cabelo. Tudo é motivo pra minhas unhas se encontrarem com a palma das minhas mãos apertando criando marcas fundas sobre minha pele.
Um calafrio interrompe toda essa linha tenebrosa de pensamentos e me faz abrir os olhos. Levanto rapidamente arranco os fones de ouvido e os lanço sobre a mesa. De costas para os fones ainda ouvindo baixinho o som daquela melodia, levo as mãos ao rosto e percebo o quão úmido ele ficara após as lágrimas. A mão esquerda desce até o punho da direita e estica a manga da blusa até cobrir toda a mão. Isso pode substituir o lenço que ninguém me ofereceu. 
Ao secar os olhos, me forço um passo de cada vez até sair do alcance daquela melodia e letra que me dói reconhecer, mas que contam a nossa história.

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